‘Erdogan pode transformar a Turquia em regime autoritário’ , diz ex-ministro turco Ertugrul Günay
Ex-Ministro da Cultura e Turismo da Turquia, o deputado Ertugrul Günay esteve no Brasil a convite do CCBT. Visitou instituições culturais, oficiais e educacionais. Participou do seminário no iFHC junto ao Presidente FHC no dia 17/09. Após a palestra Günay foi entrevistado pelo Tiago Dantas do jornal O Globo. Ex-ministro da Cultura e Turismo da Turquia, o deputado Ertugrul Günay acredita que o país pode se transformar num regime autoritário caso o presidente Recep Tayyip Erdogan consiga aprovar uma mudança constitucional que aumente seus poderes. Para ele, a Turquia deve se opor de forma firme ao grupo jihadista Estado Islâmico e está “pagando a conta” por não ter tomado uma posição forte contra o ditador Bashar al-Assad, na Síria. Como os conflitos na Síria e no Iraque afetam o país? Houve erro de cálculo. A Turquia achava que Assad cairia há dois anos. E embora estivesse contra ele, manteve uma relação distante com os grupos de oposição. Agora, o governo quer apoiar os EUA na ofensiva proposta por Barack Obama, mas é uma situação delicada. Há 49 cidadãos turcos reféns. Por isso, o governo não quer fazer parte dessa ofensiva de forma clara. Como vê os planos de Erdogan de aumentar seus poderes? Há um movimento do AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento) de mudar a Constituição para instituir o presidencialismo, o que acredito que não vá funcionar no momento. Há uma grave ameaça de virar um sistema autoritário. Para se ter um sistema presidencialista, é preciso haver separação entre os poderes, o que não acontece, infelizmente. Recentemente, o Executivo engoliu o Poder Judiciário. A oposição não consegue barrar a iniciativa? O AKP tem maioria no Parlamento atual. Claro que a oposição acha que a mudança não é útil para o país, mas o que está acontecendo é que o poder do AKP é muito forte. O que deve ser feito para evitar que a Turquia vá por esse caminho? A Turquia é uma economia em crescimento. Somos a 16ª maior economia do mundo e o sexto país que mais recebe turistas. Mas temos que pensar, em primeiro lugar, que não podemos deixar de ser um Estado de Direito, uma democracia plena. Em segundo, temos que ser um país que trabalha pela paz, principalmente na nossa região. Quando temos tanto recurso destinado para guerra, estamos tirando recursos de outras áreas. Leia mais: |
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