Eleições na Turquia "nem livres nem justas"
Lusa As eleições de 1 de novembro na Turquia, em que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), no poder, conquistou maioria absoluta "não foram livres nem justas, disse hoje um especialista em Médio Oriente da Universidade de Columbia. "Eu diria que estas eleições não foram nem livres nem justas. Há que se olhar para a totalidade do processo eleitoral, se as condições favoreceram a uma discussão aberta na sociedade, se os eleitores tiveram a chance de obter visões diversas e se houve estabilidade e segurança", disse à Lusa David Philips, diretor do programa de construção da paz e direitos da Universidade de Columbia, durante uma palestra no Centro Cultural Turco, em Nova Iorque. A segurança na Turquia deteriorou-se "dramaticamente, a campanha eleitoral foi injusta e caracterizada por violência que se espalhou pela sociedade", disse Philips, que definiu a situação atual no país como uma "república do medo", numa referência ao termo usado para descrever o Iraque de Saddam Hussein. David Philips - que já foi assessor do Secretariado das Nações Unidas e conselheiro do Departamento de Estado norte-americano - afirmou que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan dará passos rápidos para consolidar os seus poderes e iniciar no parlamento um processo de reforma constitucional a fim de estabelecer uma presidência executiva. O académico admitiu a possibilidade de o governo turco estar envolvido em recentes ataques bombistas. A 5 de junho, uma bomba em Diyarbakir, na província curda no sudeste da Turquia, matou quatro pessoas e feriu outras 400 e em 20 de julho, em Suruç, na fronteira com a Síria, uma bomba explodiu num encontro de ativistas e matou 33 pessoas e fez cerca de 100 feridos. O último atentado ocorreu em 10 de outubro, em Ancara, quando 122 pessoas foram morreram num duplo atentado com bombas que explodiram durante uma manifestação pela paz no centro da capital. "Não faz sentido que o Estado Islâmico tenha realizado tais ataques e tão pouco o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão, visto como terrorista pelo governo). É inteiramente plausível que o Estado estivesse por trás das bombas", disse David Philips. |
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