“Jorge é da Capadócia”, já cantava Jorge Ben Jor. Reza a Bíblia que o santo padroeiro do Corinthians teria nascido nessa região exótica da Turquia, localizada a cerca de 700 quilômetros de Istambul. A Capadócia foi a capital do império hitita até 1.100 a.C. e importante província do Império Romano. Graças aos voos diretos entre São Paulo e Istambul pela Turkish Airlines, tornou-se muito mais fácil conhecer a terra de São Jorge. E embora os brasileiros estejam aproveitando essa proximidade com a Turquia só agora, saiba que se trata do sétimo país mais visitado do mundo.

O número de turistas verde-amarelos cresceu tanto nos últimos tempos que só em Istambul já há algumas dezenas de guias que arriscam falar português.Em 2004, os turcos recebiam entre 4.000 a 6.000 turistas brasileiros por ano. Depois da conexão direta, o número subiu para 60 mil, e a expectativa é de carimbar 100 mil passaportes brasileiros em 2012, segundo o presidente do Centro Cultural Brasil Turquia, Mustafá Goktepe.

A Turquia tem habitantes desde 9.000 a.C.. Por isso, o território abrange construções históricas de diversas civilizações e é destino importante para muitas religiões. Entre os brasileiros é fácil entender por que esse lugar que se divide entre Ásia e Europa exerce tanto fascínio. Assim como nós, o povo é afetuoso, receptivo e muito jovem. E embora os turcos sejam em sua maioria muçulmanos, o choque cultural é mínimo nesta república laica e democrática. 

   PASSEIOS

As cidades de Goreme, Urgup, Nevsehir e Avanos são os principais destinos visitados na região da Anatólia central e reúnem grande parte da riqueza histórica da Turquia. Goreme é famosa por suas formações rochosas, chamadas de chaminés de fada, e antigas habitações escavadas na pedra. A paisagem do Parque Nacional de Goreme, museu a céu aberto considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, é dominada por rochas esculpidas pela erosão na lava expelida por um vulcão há milhares de anos. Nessas formações, que serviam de moradia, refúgio e igreja, há belíssimos afrescos religiosos que vão desde desenhos rudimentares do século 4 até magníficas obras de arte dos séculos 11 e 12. 

Na vila de Cavusin, as rochas escavadas abrigam casas e monastérios em paisagem inóspita, quase lunar. Vistas de cima, as montanhas se assemelham a formigueiros, tamanha a quantidade de cavidades. Os destaques ficam por conta do Monastério de São João Batista, uma das mais antigas construções da Capadócia, e a enorme basílica do Imperador Phocas, ambos escavados na pedra. 

No Vale de Pasabag, o passeio entre as chaminés de fada proporciona momentos mágicos que tornam a viagem inesquecível. 

Mais adiante chega-se a Kaymaklim, cidade subterrânea criada pelos primeiros cristãos que encontraram debaixo da terra o esconderijo perfeito contra as perseguições romanas. Acredita-se que o povo que habitava esses lugares acumulava suprimentos para passar até um ano sem ver a luz do sol. A cidade se expandiu e hoje conta com quilômetros de galerias. 

Já Gelveri abriga a igreja de São Gregório Nazianzeno, hoje uma mesquita, erguida pelo Imperador Teodósio em 385 d.C., e o espetacular Vale de Ihlara, repleto de igrejas e mosteiros. 

O Vale Pigeon concentra vários vilarejos típicos e ainda abriga o Vale de Soganli, com suas tumbas bizantinas e arquitetura armênia das igrejas e monastérios escavados na rocha. A visita a Sobesos também é imperdível. É onde foi descoberto recentemente, em um sítio arqueológico romano, um mosaico impressionante. 

Mas nada se compara à experiência de apreciar a Capadócia do alto. É por isso que o balonismo faz tanto sucesso na região. O mais indicado é enfrentar o frio ainda de madrugada para acompanhar o nascer do sol que doura os cumes em meio ao colorido de dezenas de balões. O cenário desenha-se como um quadro ao vivo.