Entrevista à Terra Brasil sobre a Turquia
 
Entrevista à Terra Brasil sobre a Turquia
Procura de turistas brasileiros pela Turquia cresce 20 vezes em oito anos

Embora tenha suas paisagens como pano de fundo para "Salve Jorge", no horário nobre da Rede Globo, a Turquia é um destino recém-descoberto pelos turistas brasileiros. Conforme o presidente do Centro Cultural Brasil Turquia (CCBT), Mustafa Goktepe, em 2004, cerca de 5 mil (entre 5 e 10 mil) brasileiros visitaram o país euro-asiático; já em 2012, foram 100 mil. 

Mesmo com o expressivo aumento - o número cresceu 20 vezes em oito anos -, Goktepe ressalta que a Turquia recebeu 32 milhões de turistas em 2012, o que significa que os brasileiros representam apenas uma pequena parcela dos visitantes internacionais, de menos de 1%.

Segundo o presidente do CCBT, a Turquia não é cara para se conhecer, comparando-a com os grandes centros turísticos europeus, a exemplo de Paris e Roma. Para ele, o principal problema é o fato de o país ser um destino relativamente novo e, por isso, ainda pouco explorado pelas agências. “Existe apenas um voo direto para Istambul, e ele opera desde 2009. Os centros europeus foram amplamente visitados por décadas, então eles se tornaram mais acessíveis”, compara.
 
Agente de turismo na empresa Link Tours, operadora especializada em destinos exóticos, Patrícia Andrade relata que a Turquia se torna um país caro quando comparado a, por exemplo, Grécia e Egito, destinos com que a empresa também trabalha e que têm um apelo turístico semelhante ao da Turquia. Quem for visitar o país, aconselha Patrícia, deve levar parte do dinheiro em notas de euro, fáceis de trocar, e outra parte em cartão pré-pago. “O cartão pré-pago é mais seguro, não cobra taxas quando utilizado na modalidade débito e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) não incide sobre ele”, diz Patrícia.
 
Em crescimento (entre 2002 e 2010 o PIB da Turquia aumentou 218%, atingindo US$ 736 bilhões), o desempenho da economia turca já é comparável ao dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). O sucesso no campo econômico, de acordo com Goktepe, é devido ao fato de a Turquia não depender somente da Europa em suas transações, o que protegeu o país da crise do euro. “A Turquia mantém boas relações com Oriente Médio, África e, principalmente, Ásia Central. Por isso, a crise europeia não nos afetou tanto”, diz. Mesmo assim, o dirigente do CCBT defende a entrada do país na União Europeia, processo iniciado em 2005. “Os benefícios políticos - por exemplo, a livre circulação de turcos pela Europa - seriam muito superiores a qualquer possível prejuízo econômico”, relata Goktepe. Ele revela que, indiretamente, o órgão europeu sinaliza o ano de 2023 como o da entrada turca no bloco.
 
O câmbio da nova lira, a moeda turca, não é feito de forma direta: ele depende da cotação do dólar na Turquia e também no Brasil. Por isso, o aumento do interesse brasileiro no país não afeta diretamente a cotação da sua moeda turca, hoje avaliada, segundo o Banco Central, em torno de R$ 1,093. A agente de turismo Patrícia revela que a Link Tours comercializa aproximadamente 500 pacotes por mês para a Turquia. “As pessoas não vão só uma vez: elas sempre querem voltar”, conta. Com fama de pão-duro (que vem, segundo Goktepe, de questões históricas e também da mania de pechinchar), o povo turco é receptivo, o que lembra a hospitalidade brasileira, transformando a Turquia em uma boa alternativa aos roteiros turísticos mais tradicionais.